WASHINGTON (Reuters) - Um longo e profundo cânion e os restos de uma praia talvez sejam a prova mais clara já encontrada sobre a existência de um lago na superfície de Marte, e ele aparentemente continha água quando o planeta já deveria ter secado, disseram cientistas nesta quarta-feira.
Imagens de uma câmera chamada High Resolution Imaging Science Experiment a bordo do satélite Mars Reconaissance Orbiter indicam que a água escavou um cânion de 50 quilômetros de extensão, revelou um grupo da Universidade do Colorado.
Ele teria coberto uma superfície de 200 quilômetros quadrados, com profundidade de 450 metros, escreveram os pesquisadores da revista Geophysical Research Letters.
Hoje é incontestável que existe água no solo de Marte --robôs de exploração encontraram gelo ali. Também há provas de que a água ainda pode brotar do subsolo para a superfície, ainda que ela rapidamente desapareça na fina e gelada atmosfera do planeta vermelho.
Cientistas também já haviam visto o que poderiam ser praias de rios gigantescos ou mares "mas algumas das formações também poderiam ser obra de deslizamentos de terra.
"Essa é a primeira prova sem ambiguidades sobre linhas costeiras na superfície de Marte", disse Gaetano Di Achille, que liderou o estudo.
"A identificação das linhas e as evidências geológicas nos permitem calcular o tamanho e o volume do lago, que parece ter se formado há cerca de 3,4 bilhões de anos", afirmou Di Achille em comunicado.
A água é um elemento-chave para a vida, e os cientistas procuram desesperadamente por provas de vida em Marte, seja passada ou presente. A existência de água no planeta também pode ser útil para futuros exploradores humanos.
"Na Terra, deltas e lagos são excelentes coletores e conservadores dos sinais de vida passada", disse Di Achille. "Se a vida alguma vez existiu em Marte, os deltas podem ser a chave para desvendar o passado biológico de Marte", acrescenta.
"A pesquisa não prova apenas que houve um sistema lacustre de longa existência em Marte, mas nós podemos ver que o lago se formou após o período quente e úmido que pensava-se que teria se dissipado", disse o professor assistente Brian Hynek.
O lago provavelmente evaporou, ou congelou após uma abrupta mudança climática, afirmaram os pesquisadores. Ninguém sabe o que fez Marte deixar de ser um planeta quente e úmido para se tornar o deserto gelado e sem ar que é hoje.
(Reportagem de Maggie Fox)
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