Agência FAPESP – O jipe-robô Spirit pousou em Marte no dia 4 de janeiro de 2004, enviado pela Nasa, a agência espacial norte-americana. O objetivo é que funcionasse por pelo menos 90 dias sem problemas, explorando e mandando dados do planeta vermelho.
Mas o veículo autônomo rodou por mais de cinco anos, tendo feito mais de 127 mil fotos que têm ajudado cientistas a conhecer melhor o vizinho terrestre. Entretanto, diferentemente de seu gêmeo Opportunity, que chegou três semanas depois e continua na ativa, o Spirit está encalhado desde o dia 1º de maio de 2009.
Quem achou que seria o fim do explorador marciano se enganou. A Nasa desistiu de tentar tirá-lo do banco de areia no qual se encontra – além do mais com duas das seis rodas quebradas –, mas decidiu transformá-lo em uma plataforma científica estacionária.
Nas próximas semanas, a tarefa do Spirit será se posicionar melhor de modo a poder armazenar mais energia solar e resistir ao próximo inverno marciano. Caso sobreviva, a ideia da Nasa é que ele continue enviando dados do planeta por muitos meses, ou anos.
“O Spirit não morreu. Ele apenas entrou em uma nova fase de uma longa vida”, disse Doug McCuistion, diretor do Programa de Exploração de Marte da Nasa. Segundo ele, a atual imobilidade não implica em aposentadoria e há muito ainda que pode ser feito.
Mas o destino do Spirit continua complicado. A energia de que dispõe atualmente talvez não seja suficiente para que resista ao inverno. Por isso, os responsáveis pela missão tentarão fazer com que se mova o suficiente para que o novo ângulo posicione as placas coletora de modo a receber mais energia solar.
“Resistir ao inverno é uma questão de temperatura e do bom funcionamento de seus dispositivos eletrônicos. Cada pequena quantia de energia produzida pelas placas solares será usada para manter seus componentes eletrônicos críticos aquecidos, seja por deixá-los ligados ou pelo acionamento dos aquecedores do Spirit”, disse John Callas, gerente de projeto do Spirit e do Opportunity.
Caso resista, o robô entrará em uma nova fase de sua missão, continuando a pesquisa em Marte. “Há experimentos científicos que podemos fazer apenas com um veículo estacionário e que não foram feitos nos anos em que o Spirit rodou pelo planeta”, destacou Steve Squyres, professor da Universidade Cornell e principal cientista da missão.
Um dos experimentos que o Spirit poderá fazer é o estudo de minúsculas variações na rotação do planeta de modo a conhecer melhor o seu interior. Isso exigirá meses de envio de dados a partir de um único ponto na superfície marciana para calcular movimentos de longo prazo com precisão de apenas alguns centímetros.
“Se o Spirit conseguir descobrir somente mais um único dado, se o interior de Marte é líquido ou sólido, isso já será maravilhoso”, disse Squyres.
As imagens produzidas pelo Spirit podem ser vistas em http://marsrover.nasa.gov/gallery/all/spirit.html.
Mais informações sobre a missão: www.nasa.gov/rovers